As várias estruturas organizacionais e os estilos de liderança que delas derivam são de conhecimento acadêmico. Na contemporaneidade, em um mundo caracterizado por siglas como VUCA (Volatility, Uncertainty, Complexity, and Ambiguity) ou BANI (Brittle, Anxious, Non-linear, and Incomprehensible), a relação entre líder e liderado está em constante transformação.
Diversas literaturas e renomados gurus costumam indicar “estratégias vencedoras”, definindo as condutas ideais para o sucesso dos líderes. E o papel do liderado nessa relação? Devo criticar meu líder? Como expor minhas ideias e aceitar quando são rejeitadas? Como compartilhar minhas expectativas, inclusive minhas frustrações?
Diante desse panorama, e utilizando um elemento único que permeia algumas relações, chamado “liberdade com a liderança”, muitas vezes confundido com intimidade (entendido como algo secreto, privado, particular), torna-se mais complexo trilhar um caminho estritamente profissional, assumindo o papel de liderado.
Líder é líder – não é seu amigo (no trabalho)
Seu líder, por mais próximo que seja, não é seu amigo no ambiente de trabalho. Sendo assim:
• Críticas jamais devem ser feitas ao seu líder, exceto em caráter de feedback, pessoalmente, e nunca em grupo. Quem critica o líder é o líder do líder;
• Se suas ideias forem rejeitadas, você deve controlar suas expressões, verbais e faciais, pois um dos papéis da liderança é filtrar ideias, independentemente de você concordar ou não;
• Suas frustrações profissionais jamais devem ser discutidas informalmente , como um desabafo. Isso é algo que se faz com amigos. Com o líder, é necessário estruturar a conversa, trazendo feedbacks e planejamento.
Inteligência emocional faz parte do seu pacote como profissional
É natural fazer planos de evolução na carreira. Alguns aspiram a posições de liderança em algum momento da vida. Mas você já refletiu sobre o que pode estar faltando para isso acontecer? Hard skills? Soft skills? Tempo de empresa? Muitas vezes, a resposta está na inteligência emocional. Trata-se da capacidade de lidar com pessoas diversas e com problemas, grandes e pequenos, sem perder o controle, especialmente em situações extremas, baseando-se no autoconhecimento, na empatia e no controle inibitório.
Se quiser ser visto dessa forma, por que não mudar sua postura imediatamente? Pare de desabafar, de reclamar e de levar problemas à liderança sem propor soluções. Pode não parecer, mas isso será levado em consideração, mesmo que subconscientemente, na futura decisão sobre sua promoção.
Com os valores pessoais e empresariais em plena transformação, apenas bons indicadores de produção ou financeiros já não são suficientes para garantir longevidade na empresa. A manutenção de um ambiente harmônico é fundamental para o equilíbrio das pessoas e para o aumento da produtividade, o que garantirá resultados consistentes e duradouros, exigindo muito de líderes e liderados. Faça sua parte, onde quer que esteja nessa cadeia organizacional.
Se você quer ampliar sua compreensão sobre o papel dos liderados no desenvolvimento das organizações e dos seus líderes, destaco as leituras a seguir:
1. The Courageous Follower: Standing Up to & for Our Leaders – Ira Chalef.
2. Followership: How Followers Are Creating Change and Changing Leaders – Barbara Kellerman
3. The Art of Followership: How Great Followers Create Great Leaders and Organizations – Ronald E. Riggio, Ira Chaleff, Jean Lipman-Blumen
Por Sérgio Porto